Nesta quarta-feira, 20 de novembro, comemora-se em todo país o ‘Dia da Consciência Negra’. A data homenageia Zumbi dos Palmares, líder da luta contra a escravidão e hoje símbolo das lutas populares e afro-descendentes pela expansão das capacidades e liberdades do povo brasileiro.
Celebrada desde a década de 60, o dia 20 de novembro adquiriu nos últimos anos uma posição mais afirmativa diante da tradicional data de 13 de maio, dia em que se comemora a libertação dos escravos. O dia é marcado por vários eventos promovidos pelo Estado Brasileiro e pelos movimentos sociais que fazem questão de lembrar que as diversas etnias africanas participaram ativamente da construção da nossa nação, mas sempre foram tratadas de forma subalterna, preconceituosa e estigmatizada. Exemplo disso são as inúmeras “piadas” racistas que compõe nosso imaginário social e a perseguição e estigmatização das religiões afro-brasileiras.
Os afrodescendentes representam a maior parte dos pobres e os que têm baixa escolaridade, o que revela que as feridas da desigualdade continuam abertas e precisam ser fechadas o quanto antes. Além do problema da desigualdade econômica e social há ainda a discriminação racial que ainda atinge a população afro-descendente brasileira, embora criminalizada pelas nossas leis de pós-democratização, ela permanece latente em determinados segmentos da sociedade brasileira.
A maior expressão da resistência dos membros das diversas nações étnicas africanas escravizadas pelos europeus foi Zumbi que, diante do poderio dos bandeirantes de Domingo Jorge Velho, resistiu heroicamente aos ataques contra o quilombo de Palmares e só caiu ao ser traído por um dos seus comandantes. Zumbi foi morto pela repressão, mas seu legado de luta pela liberdade e pela obstinada resistência tornou-se um símbolo que constitui, para os movimentos sociais e aqueles que desejam um Brasil democrático, justo e solidário, uma referência que estimula e fortalece as lutas dos atores políticos do campo popular e democrático.
A Diretoria do ATENS Sindicato Nacional, ao celebrar junto com a sociedade civil brasileira o dia da consciência negra, convida a categoria – pela relevância de seu papel na Universidade – a refletir sobre nossa responsabilidade no resgate da imensa dívida social que o Brasil tem em relação à população afro-descendente.
A consolidação da democracia no Brasil exige o resgate dessa dívida, o reconhecimento da importância das culturas africanas na formação de nossa identidade e o direito a memória das gerações atuais e futuras da ignomínia e infâmia que foi quase quatro séculos de escravidão. Esse não esquecimento é fundamental para compreendermos as origens de nosso autoritarismo social cotidiano e construir as formas de erradicá-lo.