Na última segunda-feria, 10 de agosto, os noticiários foram incansáveis em divulgar um suposto estudo que alardeava o alto custo dos servidores públicos. Usando dados que não tem relação uns com os outros – para sustentar a tese de que o servidor consome recursos que poderiam estar na saúde, na educação e no saneamento – subvertem a realidade com a má intenção de mobilizar a opinião pública contra os servidores.
Deliberadamente, o instituto pretende oferecer argumentos ao governo para avançar sobre os direitos de servidores e implementar sua agenda de Estado Mínimo, em que as políticas públicas inscritas na Constituição Federal como responsabilidade do Estado, passam para as mãos da iniciativa privada, garantindo lucros aos seus proprietários sobre as necessidades e a dignidade da população.
Alegam que os recursos poderiam ser aplicados no saneamento básico, cujo orçamento reduziu 21% em relação a 2019 pelo próprio governo federal. Calculam a despesa do total de servidores dos municípios, estados e da federação, como se todos fossem pagos pelo governo federal. Considerando apenas os servidores federais, houve queda de mais de 26 mil servidores ativos ao final de 2019, chegando ao total de 607.833 servidores públicos federais na ativa distribuídos em todos os órgão federais, por todo o território nacional.
As despesas com servidores federais encontram-se estáveis há uma década representando 4,3% do PIB. O total dos gastos com pessoal do orçamento federal representa 22% do orçamento e é menor que os gastos com a Previdência. Apenas os municípios tiveram aumento de servidores, que chegam hoje a 57%, devido à crescente responsabilização por politicas públicas que foram descentralizadas desde a Constituição Federal de 88.
Não vamos aceitar que mais uma vez os servidores públicos, responsáveis pelo acesso da população à políticas públicas, sejam atacados por aqueles que planejam garantir a concentração de renda. Precisamos romper com o abismo da desigualdade social no Brasil, que faz os ricos cada vez mais ricos, onde 1% dos super-ricos (1,4 milhão de adultos) obtém 30% dos rendimentos totais e recebe individualmente, em média, R$ 106,3 mil por mês, enquanto os 50% mais pobres (71,2 milhões de pessoas) ficam com 13,9% dos rendimentos, menos da metade do que é recebido pelo 1% no topo.
Esta é a verdadeira mazela a ser dizimada para que o Brasil possa se reerguer como Nação, com justiça e paz social.