Companheiros e companheiras,
Neste 1º de Maio, não nos dirigimos a vocês com palavras de comemoração vazias ou gestos protocolares. Esta é uma data que pulsa resistência e lembra que cada direito conquistado foi arrancado das mãos dos poderosos com organização, coragem e sangue da classe trabalhadora. É esse espírito que deve nos guiar — ontem, hoje e amanhã.
Vivemos tempos difíceis. O mundo do trabalho, tal como o conhecemos, vem sendo dilacerado por um projeto econômico e ideológico que transforma tudo em mercadoria, inclusive a nossa força de trabalho. O neoliberalismo impõe uma lógica em que a vida vale menos do que o lucro e o trabalhador é visto como um custo a ser reduzido. Em nome de uma suposta modernidade, somos arrastados para a precarização: o vínculo formal vira exceção, e a pejotização, a uberização e o “empreendedorismo de sobrevivência” se tornam a nova regra. Vende-se a ilusão de liberdade para esconder a retirada de direitos.
Mas a liberdade sem segurança, sem salário digno, sem saúde, sem previdência, sem férias, sem aposentadoria, é apenas um abandono disfarçado. Os trabalhadores estão sendo jogados, sozinhos, no abismo da competitividade. E o que antes era um direito coletivo se torna um problema individual: você não consegue pagar o aluguel? Culpa sua. Você adoeceu e não tem quem o cubra? Culpa sua. Você não consegue um emprego? Invente um. A armadilha está montada — e muitos sequer percebem que estão dentro dela.
No serviço público, essa lógica cruel também avança. O Estado está sendo sequestrado por interesses privados que, sob o discurso da austeridade e da eficiência, tentam desmontar tudo o que foi construído com esforço coletivo. Congelam salários, extinguem cargos, sucateiam estruturas, reduzem concursos, impõem metas desumanas e atacam os servidores como se fôssemos inimigos do povo. Tentam convencer a sociedade de que o serviço público é caro e ineficiente — quando, na verdade, é o único instrumento capaz de garantir direitos universais à população, principalmente aos mais pobres.
Nós, Técnicos de Nível Superior, sabemos o que é carregar nos ombros a responsabilidade por políticas públicas complexas, gerir projetos estratégicos, operar sistemas críticos, produzir conhecimento e entregar resultados à sociedade — quase sempre sem o devido reconhecimento. Somos cobrados como especialistas, mas tratados como números. Somos essenciais, mas invisibilizados. E, mesmo assim, resistimos.
Resistimos porque acreditamos na potência do nosso trabalho. Porque entendemos que o Estado deve estar a serviço do povo, não do mercado. E porque sabemos que só há uma saída possível: a luta coletiva.
Não há salvação individual diante de um projeto cujo objetivo é destruir tudo o que conquistamos juntos. É por isso que os sindicatos continuam sendo fundamentais. Somos nós que organizamos a resistência. Que denunciamos os ataques. Que enfrentamos governos, tribunais e parlamentos em defesa da categoria. Que construímos pontes entre o local de trabalho e a arena política. Que seguramos a bandeira da solidariedade quando querem nos dividir. Que seguimos acreditando que o mundo do trabalho pode — e deve — ser justo.
Neste Dia do Trabalhador, o ATENS Sindicato Nacional reafirma seu compromisso com a luta de classe. Reafirma que estará ao lado de cada trabalhadora e trabalhador técnico de nível superior, em cada universidade deste país. Reafirma que nossa organização não é apenas legítima: ela é necessária. Porque onde há exploração, haverá resistência. Onde houver injustiça, haverá resposta. E onde houver um TNS de cabeça erguida, haverá esperança de que o Brasil pode ser mais do que um campo de exploração: pode ser um país que valoriza o trabalho e respeita quem trabalha.
Sigamos firmes, organizados e em luta.
ATENS Sindicato Nacional
Em defesa dos Técnicos de Nível Superior e do serviço público brasileiro