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LIVE: ATENS discute saúde mental e o sofrimento no trabalho como problema sistêmico

A live realizada ontem pelo ATENS Sindicato Nacional explorou o sofrimento no trabalho como um problema sistêmico, abordando a saúde mental sob a perspectiva social e os impactos das pressões do capitalismo contemporâneo sobre os indivíduos. O evento, conduzido pelo professor Gabriel Peters, abordou questões como a medicalização do desempenho e a relação entre transtornos mentais e fatores sociais como sexismo e racismo. A gravação completa está disponível no YouTube para quem não conseguiu acompanhar ao vivo.

A saúde mental como uma questão coletiva

Logo no início da palestra, Peters destacou a importância de entender a depressão e outros transtornos mentais não como questões apenas individuais, mas como reflexos de um contexto social mais amplo. Segundo o professor, as condições de trabalho, as demandas por produtividade e as expectativas de sucesso moldadas pelo sistema capitalista contemporâneo são fatores que contribuem para o sofrimento psíquico. Ele explicou como o sofrimento no trabalho é influenciado por fatores externos ao indivíduo, como a desigualdade de gênero, que leva a um número maior de diagnósticos de depressão em mulheres, e as barreiras enfrentadas por minorias, incluindo questões raciais.

Medicalização do desempenho e impactos sociais

Outro ponto de destaque foi a discussão sobre a medicalização do desempenho, em que o uso de substâncias e medicamentos para aprimorar a performance se torna comum em vários contextos, da escola ao ambiente de trabalho. Peters comentou sobre como essa pressão social afeta tanto crianças quanto adultos e reforça a busca por uma produtividade exacerbada, desconsiderando os limites humanos.

Além disso, o professor observou que a ansiedade e a depressão são frequentemente resultados de um “sistema interno de alarme” que, em muitos casos, está desregulado, levando os indivíduos a uma percepção exagerada de fracassos e perigos. Peters sugeriu práticas de mindfulness e outras técnicas de meditação como formas de gerenciar o estresse diário.

Influência do capitalismo contemporâneo

O debate também trouxe à tona como o capitalismo neoliberal promove uma visão competitiva e individualista do sucesso, incentivando a ideia de que os indivíduos são responsáveis por suas realizações e fracassos, o que desconsidera as influências coletivas. Peters discutiu como a busca pela “felicidade instagramável” e a pressão para manter uma imagem positiva nas redes sociais afetam a saúde mental, gerando insatisfação e aumentando a incidência de transtornos como ansiedade e depressão. A comparação constante e o culto à felicidade nas redes sociais, afirmou Peters, criam uma dinâmica que impacta negativamente a saúde emocional e psicológica dos trabalhadores.

Sofrimento psíquico e políticas de saúde mental

A live também abordou a importância de entender o sofrimento psíquico e a depressão como desafios éticos e políticos. Peters enfatizou a necessidade de políticas públicas voltadas para a saúde mental e destacou que muitos dos problemas emocionais enfrentados pelos indivíduos hoje refletem desigualdades sociais profundas, como a divisão desigual do trabalho doméstico e a insegurança econômica. “A depressão, para muitos, pode ser um reflexo do peso dessas pressões e desigualdades estruturais”, afirmou.

Assista à live completa

A discussão continua aberta e disponível para aqueles que desejarem aprofundar-se no tema. A gravação da live está disponível no canal do ATENS Sindicato Nacional no YouTube: https://www.youtube.com/live/y9RnJw57lRs 

Ouça a versão em formato podcast: https://www.youtube.com/watch?v=cxu5VlCWkTE

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