Adoecimento Mental de Servidores Públicos: Um Desafio Urgente para a Administração
Cotidianamente, servidores públicos enfrentam uma série de desafios em seus ambientes de trabalho, como o assédio, a alta pressão e condições inadequadas. Esses fatores são responsáveis por um aumento significativo nos casos de transtornos mentais, como burnout, depressão e ansiedade. Como consequência, muitos servidores acabam desmotivados, mudam de área ou até mesmo se afastam definitivamente de suas funções. A complexidade para entender e lidar com o adoecimento mental relacionado ao trabalho dificulta ainda mais a busca por soluções adequadas para esse problema.
De acordo com um estudo de 2019 realizado pela Escola Nacional de Administração Pública (Enap), nos últimos sete anos, 15 mil servidores federais foram afastados por motivos de transtornos mentais. Esse cenário gera impactos diretos na produtividade individual e coletiva, comprometendo a qualidade do serviço público e resultando em um aumento de demandas judiciais, que se tornaram cada vez mais frequentes e custosas para o setor público.
Além disso, estudos indicam que as condições do ambiente de trabalho afetam o engajamento dos servidores de forma mais significativa do que incentivos financeiros. Fatores como estresse, depressão, síndrome de burnout e ansiedade são os principais motivos para os afastamentos. Isso demonstra a urgência de se promover melhorias no ambiente de trabalho como forma de combater essas doenças ocupacionais e garantir uma maior qualidade de vida para os servidores.
O Custo do Adoecimento Mental no Trabalho
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), transtornos mentais, como depressão e ansiedade, afetam aproximadamente 264 milhões de trabalhadores no mundo todo, gerando uma perda de US$ 1 trilhão por ano devido à redução da produtividade. Para cada dólar investido em ações que promovem a saúde e o bem-estar mental dos trabalhadores, há um retorno de quatro dólares em ganhos com o aumento da produtividade.
Causas e Desafios
Diversos fatores dificultam a detecção e o tratamento dos riscos à saúde mental no serviço público. Entre as principais causas estão:
- Falta de dados consolidados: Poucos dados são coletados e analisados de maneira eficiente, o que impede que se tenha uma visão clara do problema. Quando os dados são coletados, estão fragmentados entre diferentes órgãos, dificultando o compartilhamento e a utilização dessas informações.
- Estigma e vergonha: Muitos servidores não percebem os sinais de adoecimento mental em si mesmos, e quando percebem, sentem vergonha de expor seus problemas. A naturalização do estresse e da ansiedade, como parte do cotidiano do trabalho, também contribui para que os sintomas sejam ignorados. Segundo uma pesquisa da Capita, 47% dos trabalhadores acreditam que o estresse é algo inerente ao trabalho.
- Medo de retaliações: Além disso, há o temor de retaliações, especialmente quando os subordinados percebem que suas lideranças podem estar relacionadas ao adoecimento. Isso cria uma barreira para que os servidores busquem ajuda e soluções dentro da própria instituição.
Ação Necessária
É urgente a implementação de políticas públicas e ações voltadas para a promoção de um ambiente de trabalho mais saudável e acolhedor. O ATENS Sindicato Nacional reforça a importância de se debater e enfrentar essa questão, promovendo iniciativas como a campanha “Servidor, nossa saúde mental importa!”, que visa conscientizar e apoiar a saúde mental dos servidores públicos. É fundamental que os órgãos públicos se comprometam com a criação de estratégias que previnam e tratem os adoecimentos mentais, garantindo um serviço público mais eficiente e humanizado.